sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

As aparências enganam

Olá, como minha primeira postagem gostaria de expor um assunto muito conhecido de todos as aparências, logo abaixo segue um trecho do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de machado de assis.


...Para lhes dizer a verdade toda, eu refletia as opiniões de um cabelereiro, que achei em Módena, e que se distinguia por não as ter absolutamente. Era a flor dos cabeleireiros; por mais demorada que fosse a operação do toucado, não enfadava numca; ele intercalava as penteadelas com muitos motes e pulhas, cheio de um pico, de um sabor... Não tinha outra filosofia. Nem eu. Não digo que a universidade me não tivesse ensinado alguma; mas eu decorei-lhes só as formulas, o vocabulário, o esqueleto. tratei-a como tratei o latim: embolsei três versos de Virgílio, Dois de Horácio uma dúzia de locuções morais e políticas, para as despesas da conversação. Tratei-os como tratei a história e a jurisprudência. colhi de todas as coisas a frescologia, a casca, a ornamentação...
Talvez espante ao leitor a franqueza que lhe esponho e realço a minha medilcridade; advirta que a franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigão a gente a colar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa e a hipocrisia, que é um vício hediondo. mas, na morte, que diferença! que desabafo! que liberdade! Como a gente pode sacudir fora a capa deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, despentear-se, desenfeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não ha vizinhos , nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos, não há platéia. O olhar da opnião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte; não digo que ele se não estenda pra cá, e nos não examine e julgue ; mas a nós é que não se nos da o exame nem do julgamento. senhores vivos, não há nada tão incomensuravel como o desdém dos finados[...]


Seria magnifico se todos nós pudessemos pôr de lado o fingimento, tirar o figurino de nobreza que temos, limpar do rosto os brilhos e pro a chão as lantejoulas que brilham ofuscando nosso ser. Melhor ainda seria se os nossos governantes o fizessem, se os mesmos deixassem de lado sua ganância, jogassem o vél da mentira ao vento da justiça e limpassem todo esse brilho que os esconde e nos faz acreditar no que eles não são !

Uma boa noite e um bom final de semana